Os últimos 5 anos foram muito agradáveis para os olhos voltados para smartphones. Os celulares evoluíram de plásticos com peças frágeis para construções de vidro e alumínio de alta qualidade. Esses materiais resultaram em uma estética visual que vai de degradês à luz até superfícies traseiras de vidro fosco. Agora, os celulares simplesmente têm uma sensação diferente, mais como joias do que como tecnologia.
É por isso que capas transparentes nos dão uma percepção errada de proteção e nos permitem exibir essas preciosidades. Os anúncios e vídeos sobre os últimos celulares nos fazem sentir que estamos a perder algo.
Na verdade, todos esses sentimentos são estratégias de marketing para consumir cada vez mais produtos eletrônicos, e ficou claro para mim a conexão entre o alto preço que pagamos pelos telefones e a qualidade.
Em apenas uma década, a produção e descarte de smartphones tiveram enormes impactos no nosso meio ambiente e na crescente desigualdade social em todo o mundo.
Cada dispositivo “contribui significativamente para as 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico geradas em 2017”. Ao mesmo tempo, os trabalhadores nos países produtores vivem em condições semelhantes à escravidão, enquanto extraem minerais ou trabalham nas fábricas para garantir que aqueles com meios tenham o fornecimento ilimitado dessas tecnologias.
Capas transparentes são uma ideia interessante para as empresas de tecnologia, pois protegem seu celular apenas contra arranhões, sem cobrir o hardware, e nos mostram um simples processo físico: nosso celular atrai e produz radiação ao nosso lado 24 horas por dia. Com isso, também geramos mais lixo.
Por isso, uma capa amarela pode se parecer com um pedaço de lixo que precisa ser descartado, e isso traz
Por que capas transparentes ficam amarelas após o uso?
O amarelamento de capas transparentes é principalmente o resultado de um processo químico conhecido como degradação induzida por UV. Raios ultravioleta (UV) do sol ou de fontes artificiais podem desencadear uma série de reações nos materiais transparentes dessas capas, fazendo com que se descoloram e fiquem amarelas ao longo do tempo.
Silicone: A maioria das capas transparentes que você encontra contém uma certa quantidade de silicone, um material emborrachado que oferece menos proteção do que o TPU (poliuretano termoplástico) que está presente nas nossas capas e é o principal causador do amarelamento. Quanto mais silicone, mais rápida será a descoloração da sua capa.
Degradação de polímeros: Capas transparentes são geralmente feitas de polímeros termoplásticos como policarbonato ou poliuretano. Quando esses polímeros são expostos à radiação UV, eles podem se decompor em partes menores de moléculas. Essa degradação enfraquece a integridade estrutural do polímero e leva à mudança de cor.
Oxidação: A exposição UV também desencadeia reações de oxidação dentro da matriz polimérica. As moléculas de oxigênio reagem com o polímero, levando à formação de cromóforos – moléculas responsáveis pela coloração. Esses cromóforos absorvem luz no espectro visível e dão à capa um tom amarelado.
Aditivos e estabilizadores: Fabricantes frequentemente adicionam estabilizadores UV e outros aditivos para retardar o amarelamento dos materiais transparentes. No entanto, esses aditivos podem se degradar ao longo do tempo, tornando o material mais suscetível a descolorações induzidas por UV.
Fatores ambientais: Além da exposição aos UV, vários fatores ambientais podem agravar o amarelamento das capas transparentes. Um fator chave são as flutuações de temperatura. Temperaturas extremas, seja o calor abrasador dentro de um carro estacionado ou o frio intenso no inverno, podem acelerar o processo de amarelamento. Essas flutuações de temperatura fazem com que os materiais se expandam e contraiam constantemente, tornando-os mais suscetíveis aos efeitos nocivos dos raios UV.
Além disso, a poluição ambiental e o contato com diferentes produtos químicos e de limpeza também desempenham um papel no amarelamento. Estas substâncias podem reagir com o polímero, aumentando sua degradação e afetando negativamente suas propriedades ópticas. Para preservar a transparência e a durabilidade das capas transparentes, é importante protegê-las não apenas dos raios UV, mas também dessas outras poluições ambientais.
Os Custos Ambientais: Uma História de Obsolescência Planejada
Algumas estimativas sugerem que a vida útil dos smartphones pode ser de até 5-10 anos , mas a maioria dos consumidores os utiliza em média apenas de 12 a 24 meses. Um olhar sobre a publicidade típica de smartphones deixa claro o porquê. A publicidade dos modelos atualizados anualmente promove inovação e conveniência e impulsionou as vendas, tornando a Europa o maior mercado de smartphones do mundo.
Não é segredo que esses fabricantes vendem mais experiências do que produtos. Mais de 60 por cento dos telefones vendidos são dispositivos de substituição para telefones já existentes, dos quais 90 por cento ainda funcionam quando são descartados. Os consumidores querem novo, melhor, mais rápido – e os fabricantes de smartphones fornecem isso a eles.
Felizmente, há maneiras de romper o ciclo vicioso de consumo, desperdício e injustiça sustentado pelo uso de smartphones em uma sociedade global. Isso requer um exame mais atento do nosso comportamento individual e de mercado na indústria de smartphones: por exemplo, cuidando dos nossos dispositivos para que tenham uma longa vida útil.
Prevenir o Amarelamento
Embora o amarelamento de capas transparentes seja um problema comum, existem medidas que você pode adotar para retardar o processo e manter a aparência da sua capa:
Proteção UV: Exponha sua capa o menos possível à luz solar direta e a fontes artificiais de UV. Guardar seu dispositivo em um local fresco e escuro pode reduzir a degradação por UV.
Limpeza: Use detergentes suaves ou álcool isopropílico ao limpar sua capa transparente. Produtos químicos agressivos podem acelerar o amarelamento.
Controle de Temperatura: Evite expor sua capa a temperaturas extremas, tanto calor quanto frio. Armazene seu dispositivo em um clima moderado para evitar a rápida dilatação e contração do material.
Capas de Qualidade: Invista em capas transparentes de fabricantes renomados que utilizam materiais de alta qualidade e estabilizadores UV. Essas capas não amarelam tão rapidamente.
Como limpar uma capa transparente amarelada
Dependendo de quão velha é a capa, você pode ser capaz de restaurá-la ao seu antigo brilho “claro”. Você pode remover todos os resíduos de óleos, suor e graxa de suas mãos, mas não pode reverter os danos causados pela luz ultravioleta.
Existem três produtos de limpeza que você pode experimentar: detergente, bicarbonato de sódio e álcool isopropílico.
Para detergente, você faz simplesmente uma solução de água quente com sabão e esfrega a capa completamente com uma escova de dentes.
Na técnica do bicarbonato de sódio, você pulveriza o pó sobre todo o estojo, especialmente nas partes mais amareladas. Molhe uma escova de dentes e esfregue o estojo com ela até formar uma boa espuma. Não molhe demais o estojo.
Não aplique o álcool isopropílico diretamente no estojo. Em vez disso, umedeça um papel toalha ou um pano de limpeza e esfregue o estojo com ele. O álcool isopropílico também pode danificar o silicone, então não exagere.
Quando você entende o que está por trás desse fenômeno científico, pode decidir melhor se realmente quer um dispositivo e como protegê-lo caso adquira um novo.
Não somos responsáveis pelos impactos ambientais que ocorrem antes mesmo dos telefones chegarem às lojas. Neste caso, o estojo amarelado é um exemplo de que os fabricantes não devem medir suas inovações apenas em milímetros e megapixels, mas na longevidade dos dispositivos.
Somente assim, e através de uma mudança na forma como compramos e utilizamos (novamente) smartphones, podemos transformar o uso não sustentável de smartphones em um ciclo sustentável.
