Esta é uma estratégia de vigilância contínua, onde agentes se escondem em um carro ou aguardam em um apartamento do outro lado da rua, mantendo um olho atento na casa de um suspeito. Desde o desenvolvimento da tecnologia, as forças policiais em todo o mundo encontraram novas maneiras de monitorar sem que os policiais precisem trocar seus turnos.
Você certamente já notou as câmeras de vídeo que estão surgindo por toda parte, nas ruas das cidades e em espaços públicos. Sim, essas câmeras de circuito fechado de televisão (CCTV) tornaram-se a nova polícia em nossas vidas.
Atribua isso ao medo do terrorismo ou ao fato de que as câmeras estão ficando mais baratas, mas esses pequenos espiões estão em ascensão. Antes de você pensar que tenho algo contra a tecnologia, vamos deixar uma coisa clara: a ideia por trás dessas câmeras é inegavelmente lógica. Mas espere um pouco! Existem muitas razões pelas quais a vigilância pública não é tão boa quanto parece.
Em todo o mundo, no entanto, a tecnologia permite que a polícia contorne essas limitações práticas e monitore por meses com pequenas câmeras digitais ocultas, que podem ser giradas e ampliadas remotamente, e que enviam o material de vídeo de volta à polícia para ser armazenado indefinidamente e revisado à vontade.
O mito das câmeras que combatem o crime
Não me entenda mal. A ideia dessas câmeras é nos proteger, certo? Elas devem pegar os malfeitores no flagra, e assim por diante. Mas aqui está o choque de realidade: Essas câmeras não estão exatamente desencorajando os terroristas.
Bem, as câmeras são elogiadas por impedir que os malfeitores causem o caos. Mas há uma pegadinha: criminosos não são exatamente avessos a câmeras e não têm medo de aparecer no noticiário da noite. Eles não vão dizer: “Ops, há uma câmera, vamos cancelar a missão!” Não, esse simplesmente não é o estilo deles.
Talvez eles até desfrutem de seus quinze minutos de fama.
E então há o elefante na sala: o custo. Você já ouviu falar que os britânicos são obcecados por câmeras? Eles gastam 20% de seu orçamento de segurança pública nesses aparelhos. Será que realmente vale a pena? Estudos mostraram que essas câmeras não fazem maravilhas quando se trata de reduzir o crime. As taxas de criminalidade continuam a subir, não importa quantas câmeras estejam piscando. Taxas de crime são como ervas daninhas persistentes: Elas continuam a crescer, não importa quantas câmeras estejam observando.
Na Grã-Bretanha, as tentativas da polícia de usar câmeras, conectadas a bancos de dados, para reconhecer pessoas através de seus rostos falham, pois em nove de dez casos, a pessoa errada é identificada, segundo um relatório.
Especialistas chegaram a descobrir que a atenção da maioria das pessoas diminui após 3 minutos olhando para telas, inclusive e especialmente para oficiais de polícia que monitoram 100 vigilâncias de vídeo ao mesmo tempo.
O lado obscuro das câmeras
Se você pensava que as câmeras serviam apenas para pegar vilões, pense novamente. Elas capturam todos nós. Holofotes indesejados: essas câmeras são operadas por pessoas, e sejamos francos, as pessoas trazem sua bagagem consigo. Em países como o Reino Unido, operadores de câmeras foram flagrados olhando um pouco demais para pessoas de cor. Isso não é aceitável.
Já teve a sensação de que alguém está te observando? Bem, com essas câmeras, isso não é apenas uma sensação, mas a realidade. E essa realidade pode transformar nossos espaços públicos em algo saído diretamente de um filme de ficção científica. Quando você sabe que uma câmera está te filmando, de repente você se torna a estrela do seu próprio reality show.
Eu sei que você pensa: “Talvez possamos controlar essas câmeras, certo?” A questão é que não sabemos realmente onde traçar o limite.
É como dar doces infinitos para uma criança e esperar que ela pare de comer antes de ficar doente. A questão é que essas câmeras têm o potencial de evoluir para algo para o qual não nos inscrevemos.
Operadores entediados podem simplesmente usar essas câmeras para serem voyeurs. Você ouviu certo. Alguns caras usam suas lentes de zoom para entretenimento noturno assustador. Ou policiais usam seus sofisticados equipamentos de vigilância para perseguir seus ex-parceiros ou intimidar motoristas inocentes após pequenos acidentes. É como uma receita para um reality show que deu errado.
Pense em câmeras capazes de ler panfletos a uma milha de distância ou em equipamentos de visão noturna como em super-heróis. Mas queremos realmente esse tipo de invasão em nossa privacidade?
Isso significa que nosso problema não é apenas sermos gravados pela polícia e armazenados em bancos de dados. Para cada desenvolvimento tecnológico, há sempre uma empresa que possui as gravações e pode acessá-las, incluindo funcionários e também hackers e criminosos que desejam essas gravações. Aqui estão quatro exemplos disso:
- Pesquisadores descobriram que câmeras em telefones celulares ou sistemas de vigilância comerciais podem ser usadas para captar diodos emissores de luz (LEDs) a uma distância de até 18 metros e assim capturar chaves de criptografia. Essa nova vulnerabilidade explora dois ataques de canal lateral conhecidos, uma classe de ataques onde efeitos físicos são medidos enquanto um dispositivo executa suas funções.
2. Em abril passado, ex-funcionários da Tesla compartilharam vídeos das garagens privadas dos proprietários de automóveis e outras gravações interessantes feitas pelas câmeras embutidas nos veículos da empresa, relatou Reuters hoje. “Pudemos vê-los lavando roupa e em momentos realmente íntimos. Pudemos ver seus filhos“, disse um dos nove ex-funcionários que relataram essa prática à agência de notícias.
3. Também foi descoberto que fabricantes de câmeras de vigilância acessam os dados de seus dispositivos. Em 2021, hackers invadiram os servidores da empresa Verkada e descobriram que havia uma porta traseira secreta para cerca de 150.000 câmeras em todo o mundo, instaladas por seus clientes, o que permitia que a empresa visualizasse os vídeos dessas câmeras a qualquer momento.
4. Em 2017, um pesquisador de segurança descobriu que a Hikvision, um fabricante chinês de câmeras que na época possuía 12% do mercado de câmeras de vigilância nos EUA, tinha uma porta traseira que permitia o acesso a qualquer uma de suas câmeras. (A Hikvision foi subsequentemente banida pelo governo dos EUA.)
O veredito final: Ponderação dos prós e contras
Essas câmeras prometem segurança, mas será que cumprem? Não exatamente. Elas são como aqueles aparelhos chamativos que você compra achando que vão mudar sua vida, mas acabam juntando poeira na prateleira. São caras, e sejamos honestos: não impedem os criminosos de agir. Em vez disso, nos dão a sensação de estar em um reality show distorcido que todos estão assistindo.
E o perigo do abuso? Existem policiais que abusam dos bancos de dados, instituições que se tornam renegadas e um voyeurismo inquietante. E para completar, não há regras ou limites claros para essas câmeras. É como um oeste selvagem da vigilância.
Porque sejamos honestos, essas câmeras talvez não sejam os super-heróis na luta contra o crime que pensávamos que fossem. É hora de parar, refletir e talvez até frustrar o Big Brother.
Antes de permitir que essas câmeras invadam todos os cantos de nossas vidas, devemos parar e pensar.